Gonçalo Cadilhe nos trilhos de Santo António em Portugal: intimidades de um olhar em 'Por Este Reino Acima. No primeiro trekking da História de Portugal'
DOI:
https://doi.org/10.21747/2183-2242/cad44v2Palavras-chave:
Gonçalo Cadilhe, Santo António, ficção e referencialidade, literatura de viagens, metaficção historiográficaResumo
Figura sobejamente conhecida no palco da literatura de viagens portuguesa contemporânea com já quinze obras publicadas, Gonçalo Cadilhe centra-se em questões de natureza identitária, imagológica, espacial, textual e ontológica, recorrendo quase sempre ao formato da crónica jornalística, entre outras formas breves. Trata-se, pois, de um autor cuja escrita decorre de um trabalho com uma referencialidade espacial estruturante no texto de viagem, resultante de um olhar que se pousa sobre uma geografia física e humana. Assim, partindo da obra Por este reino acima. No primeiro trekking da História de Portugal (2020), procuro problematizar o seu olhar sobre o interior do Portugal atual, ao longo da sua caminhada nos passos do jovem Santo António, visando recolher não apenas as imagens do país, bem como sublinhar a sua estreia pelas malhas da narrativa ficcional, já que o livro centra-se no primeiro trekking de um escritor português pelos territórios geográficos lusos e pela metaficção historiográfica, na recriação da biografia de Santo António num trajeto pelo espaço textual onde se ergue uma escrita porosa, apostando na convergência entre o real e a ficção ou tão só numa “frictional literature” (Ette 2003:31).