O Jardim Sem Limites, de Lídia Jorge, e o fim da História: a “temporalidade oceânica” de um presente sem memória nem culpa
DOI:
https://doi.org/10.21747/21832242/litcomp48a2Palavras-chave:
Lídia Jorge, O Jardim Sem Limites, romance de geração, fim da História, modernidade líquida, ironia e éticaResumo
Como em muitas outras obras da autora que retratam as grandes mudanças ocorridas, desde meados do século XX, no nosso país e no mundo cada vez mais global, em O Jardim Sem Limites (1995) de Lídia Jorge são temáticas centrais o desaparecimento e a mutação do mundo conhecido, associados às questões da responsabilidade e da memória (ou à ausência delas). Romance de geração sobre os que cresceram já no Portugal pós-revolução de Abril e se distanciam dos que lutaram contra a ditadura do Estado Novo, esta narrativa compõe, como preconiza Bakhtine, a teia das vozes de que se faz uma época determinada, neste caso, o final do século XX e os diversos modos de o interpretar em termos éticos e ideológicos. A perplexidade e a desorientação face ao “fim da História”, por um lado, e, por outro, a euforia perante um presente cada vez mais americanizado, vivido à escala global, sem memória nem culpa, polarizam o retrato de um mundo às avessas, um mundo sem ética, ironicamente valorizado no discurso da narradora. Ao leitor, assim guiado por esta voz não confiável, cabe decifrar a intrincada rede de outros sinais de que a narrativa se tece, chave para compreender a visão crítica do mundo apresentada no romance. É o que este artigo se propõe fazer. Para isso, recorrerá aos contributos teóricos de autores como Bakhtine, Lukács, Wayne Booth, Lyotard, Bauman e Eduardo Lourenço, entre outros.
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